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O VIDRO EM NOSSAS VIDAS

Os vidros são hoje utilizados em quase todos os aspectos das atividades humanas.

Em casa, nas janelas, lâmpadas, luminárias, sistemas de aquecimento solar, células fotovoltaicas, fornos, geladeiras, utensílios de mesa, decoração, computadores, tablets e telefones celulares, etc.

Na ciência, nos microscópios e telescópios constituindo as lentes, nos frascos dos laboratórios, etc.

Na forma de lã ou mesmo na de espuma como isolante.

Na forma de fibras como reforço de plástico e concreto.

Na comunicação com as fibras ópticas. Essa maravilha tecnológica dos nossos dias, utilizadas tanto pelas telecomunicações, como na medicina, para realização de procedimentos minimamente invasivos. Nesse caso aparentemente paradoxal, onde a luz parece acompanhar as curvaturas das fibras, ela pode seguir as mais tortuosas curvas levando imagens e informações, com extrema eficiência e rendimento.

Na arte, pois eles podem assumir infinitas cores e formas, serem totalmente transparentes ou opacos.

Pureza e assepsia, transparência, versatilidade, impermeabilidade e respeito ao meio ambiente são características encontradas isoladamente em diversos materiais. Entretanto, especialistas e designers vêm reiteradamente reconhecendo que o vidro é o único material que reúne todas essas qualidades.

A tecnologia desenvolvida e aplicada ao vidro permitiu que ele adquirisse novas vantagens em relação a outros materiais. O peso das garrafas, por exemplo, foi sensivelmente reduzido, ao mesmo tempo em que se tornaram mais resistentes. E como embalagem, o vidro é o único material que corresponde plenamente a duas características essenciais: preserva a natureza, pois o vidro é reusável alem de reciclável e protege o consumidor, não contaminando o produto embalado, não exigindo a adição de conservantes aos alimentos e bebidas e, além disso, deixando visível o seu interior.

Os vidros pelas suas características são 100% recicláveis e um quilo de vidro que já tenha cumprido suas funções pode dar origem a um quilo de vidro novo com as mesmas características e propriedades originais.

Se por alguma razão um vidro depois de usado não for reciclado o único inconveniente que poderá causar é pelo espaço ocupado aonde for depositado, pois como não reage com nenhum componente presente na natureza continuará integro por séculos.

Alguns vidros podem ser utilizados em temperaturas extremas, enquanto outros só têm utilidade porque se fundem a baixas temperaturas. Algumas peças conservam suas formas mesmo submetidas a mudanças extremas de temperatura como entre o fogo e o gelo, outras podem conduzir ou bloquear a luz. Os vidros podem ter diversos graus de resistência mecânica, ser densos ou leves, impermeáveis ou porosos. Em suas muitas finalidades, eles podem filtrar, conter, transmitir ou resistir às radiações pertencentes a quase todas as faixas do espectro eletromagnético.

Hoje já estão disponíveis no mercado vidros que aplicados às janelas permitem que a luz passe garantindo a iluminação natural dos ambientes, mas retém o calor melhorando o conforto e reduzindo consumo de energia.

Nas embalagens protegem os alimentos filtrando determinadas radiações que os deteriorariam.

Janelas em locais de difícil acesso podem receber vidros auto-limpantes que reduzem a necessidade de manutenção e certos vidros podem passar de totalmente transparentes a totalmente opacos com o apertar de um botão, eliminando a necessidade de cortinas.

Janelas dotadas de células foto voltaicas transformam a energia da luz que incide sobre elas em eletricidade usada no próprio edifício.

As propriedades dos materiais são ditadas pelo tipo de ligações dos átomos que os constituem. Devido à vastíssima, quase infinita, faixa de composição química dos vidros, onde a maioria dos elementos da tabela periódica pode ser incorporada, eles apresentam uma ampla variação de propriedades mecânicas, ópticas, térmicas, elétricas e químicas.

Apesar de não serem usualmente apresentados como tal, os vidros podem ser considerados como um subgrupo dos materiais cerâmicos. Entretanto, devido à sua estrutura peculiar (ausência de organização de seus átomos), e diferença na sequência de operações de fabricação (o vidro inicialmente é fundido em um forno e depois é conformado, enquanto as cerâmicas primeiramente são conformadas e depois passam por um forno a alta temperatura), os vidros são tratados como um grupo à parte da cerâmica.

O vidro, que no passado era invariavelmente considerado de pouca resistência mecânica, pode hoje ser empregado em novas aplicações, nunca imaginadas há poucas décadas. As técnicas de têmpera térmica e química são responsáveis pelas excelentes propriedades das janelas de meios de transporte, vidros à prova de balas, lentes de óculos e telefones celulares.

Na área da saúde e da biologia os vidros modernos encontram aplicação, além das funções clássicas, “passivas”, às quais estamos acostumados, ou seja, frascos, placas e outras vidrarias e acessórios estéreis, para manipulação de micro-organismos e uso em análises clínicas. Vidros antibacterianos são usados em hospitais em revestimento de paredes reduzindo os riscos de infecções hospitalares.

Recentemente, foram desenvolvidos os vidros de dissolução controlada ou vidros biodegradáveis. Tais vidros podem liberar certos elementos químicos na terra, na água, na corrente sanguínea ou no sistema digestivo, em quantidades constantes e predeterminadas, ao longo de períodos que podem variar desde minutos até anos. A utilização desses materiais em agricultura, biologia e medicina apresentam um potencial vastíssimo. Uma das mais impressionantes aplicações biológicas dos vidros são implantes ortopédicos, dentes artificiais e pequenas partes ósseas dos chamados “bio-vidros”, isto é, vidros compatíveis com o crescimento de tecidos vivos.

Uma das propriedades tecnologicamente mais importantes dos vidros é a alta durabilidade química de certas composições. Vidros milenares são conhecidos sem apresentarem sinais de deterioração. Seu uso como recipientes de reagentes químicos e produtos farmacêuticos, em vidraria de laboratórios e tubulações de indústrias químicas está diretamente relacionado a essa característica. Seu emprego para a imobilização de resíduos radioativos, provenientes das usinas nucleares, é devido basicamente à sua alta durabilidade química por longos períodos de tempo.

Enfim esse material milenar, ao mesmo tempo frágil e eterno continua moderno e atual evoluindo, se adaptando e ajudando o homem em diversos aspectos.

Mauro Akerman
Julho 2018