> Cerâmica em Revista / Pará / Artesãos de Icoaraci, no Pará, Renovam Tradição da Cerâmica

Artesãos de Icoaraci, no Pará, Renovam Tradição da Cerâmica

 

Do G1 PA. Artesãos de Icoaraci, no Pará, Renovam Tradição da Cerâmica. 16 de maio de 2015.
Disponível em: <http://g1.globo.com/pa/para/e-do-para/noticia/2015/05/artesaos-de-icoaraci-no-para-renovam-tradicao-da-ceramica.html>. Acesso em: 05 de nov. de 2020.

 

O Pará concentra a maior ilha fluvial marinha do mundo. O Marajó tem quase o tamanho da Suíça, com 40 mil km². Para chegar a Ilha, só de barco, balsa ou avião. Mas a longa viagem é recompensada com muitos encantos, um deles os búfalos, que circulam livremente pelas ruas e também são também o principal meio de transporte. Há também praias de água doce e salgadas e como recordação, as cerâmicas, que reproduzem traços milenares da arte indígena marajoara, são as mais indicadas.

As peças são reproduzidas em vários lugares do estado. Um deles é o Distrito de Icoaraci, em Belém. O lugar concentra a produção da arte e a atividade gera renda para famílias inteiras. Atualmente, os artistas abusam da imaginação para criar novos grafismos e desenhos no barro, gerando uma identidade cultural própria, ou seja, uma nova tradição.

O artesão Rosemiro Pereira lembra que em Icoaraci só eram fabricadas louças de barro, tudo muito simples. “Nós pegamos a influência da cerâmica marajoara e passamos para a cerâmica produzida aqui. Fizemos uma fusão e a partir dela nasceu a cerâmica icoaraciense”, explica.

A identidade é passada hoje para as gerações mais novas. Emilly, de 9 anos, neta do Seu Rosemiro já produz algumas peças. “Sei fazer Muiraquitã, cestinhas e mais um bocado de coisa”, conta a menina. E a esposa do Seu Rosemiro também é artesã. Dona Sinéia, da mesma forma que a neta, nasceu em uma olaria e também tinha a idade da criança quando começou a trabalhar com cerâmica. “Eu fazia mesinhas, bonequinhos, panelinhas e desde então não parei de produzir”.

Os outros filhos do casal também trabalham com isso. A Cíntia Pereira trabalha com pintura. “Meu trabalho é com arte e design rupestre”, explica. Já Railson Pereira é um pouco mais ousado. Até o momento ele não tentou fazer nenhuma peça, mas diz que deseja aprender e ser melhor que a mãe. “É um desafio, porque ela é fera demais”, brinca.

Dona Sinéria diz que seu desejo mesmo é deixar uma herança para as futuras gerações. “Eu quero transformar essa cultura em patrimônio imaterial da humanidade”, finaliza.