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Museu expõe peças indígenas com mais de 2 mil anos no AC

 

ROCHA, Francisco. Museu expõe peças indígenas com mais de 2 mil anos no AC. Globo Comunicação e Participações S.A.. 14 de dez. de 2013.
Disponível em: <http://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2013/12/museu-expoes-pecas-indigenas-com-mais-de-2-mil-anos-no-ac.html>. Acesso em: 11 de set. de 2020

 

Peças históricas fazem parte de acervo no museu de Cruzeiro do Sul.
Atualmente a Funai tem o registro de 11 povos indígenas no alto Juruá.

Na região do vale do Juruá, que faz fronteira com o Peru, estão situados os municípios de Cruzeiro do Sul (AC), Mâncio Lima (AC), Rodrigues Alves (AC), Porto Walter (AC), e Marechal Taumaturgo (AC). Há cerca de 2 mil anos, não existia demarcação de território na área de fronteira e a região era povoada por índios de várias etnias e diferentes troncos linguísticos.

Com a colonização do homem branco para a extração da borracha durante a segunda guerra mundial, os índios foram se afugentando e aos poucos muitos foram desaparecendo da região. Atualmente a Fundação Nacional do Índio (Funai) tem o registro de apenas 11 povos indígenas no alto Juruá e dois troncos linguísticos, Pano e Aruák.

Para mostrar um pouco dessa história de luta e conhecimentos tradicionais dos povos indígenas, peças estão expostas ao público no Museu José de Alencar, em Cruzeiro do Sul. Algumas delas foram feitas pelos próprios índios da região e outras foram encontradas em terras indígenas.

Segundo a Funai, as peças mais antigas podem ter entre 1,5 mil a 2 mil anos de existência. Elas foram encontradas pelos índios ashaninkas que são descendentes dos Incas, que migraram do Peru para o Acre antes da demarcação territorial. De acordo com o representante da Funai no Vale do Juruá, Luiz da Silva Nukini, este tipo de instrumento era usado há cerca de 2 mil anos quando os índios não tinham contato com homem branco.

Ele explica que para produzir este tipo de objeto, os índios usavam vários tipos de pedras para poder fazer a lapidação e transformar a pedra em um instrumento cortante, para uso doméstico. Outra arte histórica são os vasos de cerâmica que eram utilizados para armazenar água, bebidas e alimentação e que representa a força da natureza, o fogo, água, a terra e o ar.

O representante da Funai explica ainda que as artes são um tipo de linguagem que expressa a forma com que os índios se relacionam com a natureza, e que cada animal tem uma relação espiritual com o índio.

“Isso faz parte da espiritualidade dos povos indígenas, uns tem o espírito de proteção, outros de caçador, outros de curador, depende muito de cada povo”, explica Nukini.

Outro símbolo usado pelos índios para transmitir a espiritualidade e os conhecimentos tradicionais são pinturas fixadas nas artes, que fazem parte da história de Cruzeiro do Sul.

“Essas artes tem um valor histórico muito grande para essa região, se as pessoas não fizerem uma leitura correta do que isso representa, o povo só vai se importar com petróleo, fazendas, riquezas e esquecer dos valores que tem os povos indígenas”, comenta.

Para o historiadora do museu, Odiceula de Souza, objetivo do acervo é mostrar aos visitantes a importância dos povos indígenas, que por muito tempo foram os guardiões de toda essa área de fronteira.

“Não dá para contar a história de Cruzeiro do Sul sem falar dos povos indígenas e suas tradições. Temos também outros acervos sobre história política e religiosa. O acervo sacro fala dos alemães, que tiveram influência muito forte na formação religiosa e na construção da cidade”, explica a historiadora.

 

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