> Cerâmica em Revista / Paraíba / Artesãs do Cariri paraibano resgatam tradição da cerâmica

Artesãs do Cariri paraibano resgatam tradição da cerâmica

 

GAIÃO, Clóvis. ARTESÃS DO CARIRI PARAIBANO RESGATAM TRADIÇÃO DA CERÂMICA. PB 05/10/04 às 00:00
Disponível em: http://www.pb.agenciasebrae.com.br/sites/asn/uf/PB/artesas-do-cariri-paraibano-resgatam-tradicao-da-ceramica,25874c2328467410VgnVCM1000003b74010aRCRD .
Acesso em: 12.02.2021.

 

Trabalhando de forma associativa, as ceramistas de Serra Branca reencontram na fabricação de peças de barro uma alternativa de renda.

Há apenas três anos, os depoimentos das ceramistas de Serra Branca, município localizado no Cariri paraibano, mostravam que a fabricação de peças de barro se tornou uma atividade inviável, que pouco a pouco estava acabando, junto com parte da história daquele povo. Essa difícil realidade começou a mudar em 2000, quando as louceiras passaram a trabalhar de forma associativa, encontrando na educação a ferramenta principal para reativar a tradição da cerâmica, repassada há mais de 100 anos de geração para geração.

Recuperar a prática da atividade e a estima das ceramistas, não foi tarefa fácil. “Quando iniciamos esse trabalho com a implantação do Pacto Novo Cariri, percebemos que poderia se gerar desenvolvimento local sustentável a partir do artesanato. Contudo, isso não foi assimilado por todos e encontramos dificuldades. No entanto, essa falta de assimilação não impediu a busca pela reativação da tradição da cerâmica”, lembra a presidente da Arca (Associação dos Artesãos do Cariri Ocidental), Doralice Torreão.

As ceramistas foram estimuladas a investir no associativismo para mostrar que juntas e organizadas poderiam tornar a atividade reconhecida e gerar renda. O resultado foi surpreendente: a associação que começou com apenas quatro ceramistas conta, hoje, com 22. Além disso, as crianças estão aprendendo desde cedo a arte de fabricar as tradicionais panelas de barro e também outras peças decorativas, como bonecas, animais e imagens. “Estamos mostrando que elas podem permanecer no lugar de origem, viver bem e trabalhar numa atividade que gere desenvolvimento para região”, explica Doralice.

Dona Maria José Rodrigues é uma das ceramistas que no início de 2002, no documentário “O Caso das Louceiras”, falou do desejo de desistir da atividade por achar que não tinha futuro e não dava para sustentar a família. “Minha filha me ajuda na criação das cerâmicas, mas não é esse o futuro que eu quero dar para ela”, contou no documentário.

Maria José lembra que aos sete anos de idade começou a fazer panelas e jarros de barro com sua mãe, Dona Maria Feitosa, que aos 76 anos é uma das mais antigas louceiras ainda vivas na região. “Lembro como hoje, dos dias de feira, quando eu e minha mãe saíamos bem cedo daqui do sítio, em lotações, para vender as peças na feira livre da cidade. No começo, vendíamos bastante, porém durante muito tempo as pessoas pararam de comprar, talvez pela popularização das panelas em alumínio. Muitas louceiras desistiram da atividade durante esse período”, contou a ceramista.

“Já estava decidida a parar de fazer cerâmica, quando Doralice e o Sebrae começaram a incentivar as artesãs a trabalhar em grupo. O resultado foi bom, pois aumentamos as vendas das panelas e estamos criando peças artísticas, que estão sendo elogiadas em outros estados do País”, avalia Maria José que, com a venda das cerâmicas, está ajudando a pagar os estudos da filha que cursa administração em Campina Grande, na Universidade Estadual da Paraíba.

Artesãs recebem apoio do programa A Paraíba em suas mãos

O surgimento no ano passado do programa “A Paraíba em suas mãos”, parceria entre o Governo do Estado e Sebrae, impulsionou ainda mais a prática da cerâmica em Serra Branca. A aplicação de cursos ajudou as artesãs a agregar novos elementos e formas às peças de barro. Por outro lado, elas receberam apoio para participar de feiras de negócios e salões de artesanato em todo o País.

Os resultados das ações do Programa podem ser traduzidos em vendas e reconhecimento.
Como foi o caso do Encontro Internacional de Negócios de Artesanato, realizado em Salvador (BA), que gerou R$ 1,7 mil em vendas para as ceramistas, além de negócios que serão fechados até o final do ano.

No mês de agosto, as artesãs Maria José Rodrigues, Eunice Braz e Jane Maria de Souza, pertencentes à Associação dos Artesãos do Cariri Ocidental, receberam os três primeiros prêmios do 1º Salão Paranaense de Cerâmica Popular, promovido pelo Governo do Estado do Paraná.

Serviço:
ARCA- Associação dos Artesãos do Cariri Ocidental
(82) 351 1261