Juliana Marchi
Universidade Federal do ABC
Resumo
Biovidros são vidros biocompatíveis desenvolvidos originalmente
para aplicações em regeneração óssea e que apresentam o fenômeno de
bioatividade quando em contato com um tecido biológico. O conceito de
bioatividade surgiu como uma necessidade para explicar o mecanismo de
interação de biovidros com o tecido ósseo, evidenciado pela
osteointegração, sendo possível vislumbrar o desenvolvimento destes
materiais biocompatíveis para as mais diversas aplicações na medicina
contemporânea. Neste contexto, os biovidros têm um papel de destaque no
desenvolvimento de materiais para duas aplicações distintas: regeneração
óssea e tratamento de câncer. O desenvolvimento de biovidros para
regeneração óssea baseia-se no sistema SiO2-Na2O-CaO-P2O5. Porem, é
possível desenvolver vidros biocompatíveis em outros sistemas através da
inserão, remoção ou troca de íons alcalinos e/ou sistemas com a adição
de outros íons terapêuticos. A versatilidade destas incorporações de
diferentes íons ao sistema dos biovidros está associada ao fato de que
quase todos os elementos da tabela periódica podem ser incorporados na
estrutura vítrea, sendo possível obter vidros com as mais variadas
propriedades físicas, químicas e biológicas. A inserção de íons
ferromagnéticos, por exemplo, confere aos vidros propriedades
ferromagnéticas que os tornam promissores para aplicações em tratamento
de câncer por hipertermia, enquanto que a inserção de íons com potencial
radioativo confere aos vidros propriedades radioativas adequadas para
braquiterapia. Desta forma é possível aliar as propriedades
biocompatíveis dos biovidros com propriedades específicas exigidas por
determinadas terapias, desenvolvendo materiais com menores taxas de
toxicidade em relação aos materiais já existentes para tratamento de
câncer, e que apresentem uma efetividade nestes tipos de tratamento.