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História do Vidro Borossilicato

Em uma noite chuvosa de inverno em 1901 um trem cortava rapidamente a escuridão. Ao notá-lo e sabendo que a sua frente um lento trem de carga seguia nos mesmos trilhos, um sinaleiro saiu do posto com uma lanterna a querosene para advertir o maquinista. Porem, quando a chuva atingiu o vidro da lanterna aquecido pela chama o mesmo se partiu apagando o fogo.

Embora o sinaleiro tivesse feito de tudo para se comunicar com o maquinista, seus esforços foram em vão e um acidente de enormes proporções com perdas humanas e materiais veio a ocorrer.

Numa época em que a grande maioria do transporte terrestre era realizada por vias férreas, acidentes como estes se repetiam frequentemente mostrando a necessidade de se desenvolver um vidro que pudesse resistir a choques térmicos.

Experiências antigas demonstravam que se as matérias-primas contivessem bórax, a resistência do vidro ao calor e a mudanças de temperaturas aumentava porem estes vidros se deterioravam na presença de água.

Na busca por uma formulação balanceada dos componentes constituintes do vidro a fim de obter um material que alem de resistir a choques térmicos fosse durável, dois cientistas da empresa americana Corning Glass Works trabalharam arduamente. Nesta época o conhecimento científico do vidro era muito rudimentar e eles só podiam contar com o processo de tentativa e erro produzindo vidros de diferentes formulações e executando testes com eles.

Finalmente em 1912 eles conseguiram atingir seu objetivo e logo depois as lanternas e recipientes de ácidos de baterias passaram a sere produzidos com este novo vidro conhecido cientificamente como “borosilicato” e patenteado comercialmente como Pyrex.

Como resultado da utilização deste vidro diminuíram significativamente as quebras de globos de lâmpadas e muitas vidas foram salvas. Da mesma forma o emprego em recipientes de bateria ácidas tornou-as mais eficientes contribuindo bastante para o desenvolvimento da telefonia e do telégrafo.

Um ano depois um jovem físico se juntou ao grupo. Ele tinha uma teoria de que uma fôrma em vidro seria melhor que uma metálica para assar, pois o metal absorve o calor radiante. Para provar isto, cortou um recipiente de bateria, levou para casa e preparou nele um bolo.

O bolo foi um sucesso e dois anos depois, em 1915 começou a comercialização das fôrmas Pyrex.

Este material também passou a ser empregado nos dispositivos de laboratórios que devem resistir ao calor e ao ataque de substâncias agressivas.

Em 1953, a então Vidraria Santa Marina obteve licença da Corning e passou a produzir aqui no Brasil estes produtos. A licença se expirou em 1968, quando se deu o início da produção do vidro Marinex, também um vidro borossilicato com as mesmas características. Hoje a marca Marinex pertence à Nadir Figueiredo.

Mauro Akerman
Abril 2017
Fontes: Corning Museum of Glass
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